Construir uma sociedade de justiça, amor e verdade: sinais do Reino de Deus
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Aqui reunidos celebramos a presença de Deus em nossa vida. Neste dia, 7 de setembro, recordamos a Independência do Brasil. Essa data nos motiva a renovarmos o compromisso com a justiça, a liberdade e a solidariedade, valores fundamentais em vista de uma convivência fraterna.
Prezados irmãos e irmãs. Setembro é o mês da Bíblia. A Palavra de Deus, como dizem os documentos da Igreja, é o “fundamento” de nossa fé, de nossa espiritualidade e vida cristã e da nossa missão. O Apóstolo Paulo diz que a Bíblia foi escrita “para a nossa instrução” (1Cor 10,11), para “o nosso ensinamento” (Rm 15,4). Ela é palavra “inspirada por Deus” para nos “instruir, corrigir, educar na justiça”, para nos “qualificar para toda a boa obra” (2Tm 3,16-17). Num contexto em que tudo é descartável, a Bíblia é portadora de uma Palavra que “permanece para sempre” (1Pd 1,25) “viva e eficaz” (Hb 4,12). Por isso o apelo de Paulo: “Proclama a palavra, insiste…, exorta com toda a paciência” (2Tm 4,2) e “convicção” (1Ts 1,5). Por meio dela, Deus “nos educa” “a fim de nos comunicar a sua santidade” (Hb 12,10). Neste mês, de modo todo especial, somos convidados a ler e meditar a Carta aos Romanos.
A primeira leitura deste domingo (Sb 9,13-18) nos coloca diante da grandeza de Deus e diz: “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus?” (Sb 9,13). “A verdadeira sabedoria implica reconhecer nossas limitações e acolher com humildade a orientação divina, que sempre conduz ao bem verdadeiro e à vida plena”. O Salmo responsorial (Sl 89) lembra a fragilidade humana e reconhece a grandeza de Deus, “o único capaz de nos proteger verdadeiramente e orientar nossos passos”. Somos motivados a confiar em Deus, que em sua misericórdia e bondade infinita, cuida de nós.
Caros irmãos e irmãs. Na segunda leitura, Paulo pede que Filêmon acolha Onésimo “como um irmão querido”, e não mais “como escravo”. Significa que a fé em Cristo deve “transformar” as “relações pessoais e sociais, rompendo barreiras que dividem e excluem” e nos levar a tratar os outros como verdadeiros irmãos e irmãs.
O Evangelho deste domingo (Lc 14,25-33) apresenta Jesus dirigindo-se a Jerusalém. Neste caminho, “grandes multidões o acompanhavam” (Lc 14,25) e Jesus apresenta-lhes as condições para ser verdadeiro discípulo. Para o evangelista Lucas, ser discípulo de Jesus implica fazer uma escolha radical e consciente, requer assumir o projeto do Reino de Deus acima de tudo e de todos.
O seguimento de Jesus implica claramente em maturidade humana e espiritual. Por isso Jesus fala na necessidade de deixar de lado apegos afetivos (Lc 14,26a) e colocar-se inteiramente a serviço da causa do Reino, sendo capaz de renunciar à própria vida (Lc 14,26b). Outra condição é carregar a cruz (Lc 14,27). Trata-se da abertura para enfrentar as dificuldades e desafios, próprios da missão.
Ao mesmo tempo, Jesus não pensava em “seguidores inconscientes”, mas em pessoas “lúcidas e responsáveis”. Por isso, falou-lhes as parábolas da construção da torre (Lc 14,28-30) e do rei em guerra contra outro (Lc 14,31-32). Antes de construir uma torre, é preciso verificar se há condições para realizá-la, e o mesmo vale em relação à batalha. O seguimento a Jesus implica em clareza do que isso significa, em responsabilidade com sua causa, planejamento do processo a ser feito e das ações a serem realizadas.
Caríssimos irmãos e irmãs. Seguir Jesus significa colocá-lo à frente de nossos projetos pessoais. Assim, a Palavra de Deus deste domingo nos convida a viver com simplicidade de coração e espírito solidário, sem preconceitos e tratando a todos como irmãos e irmãs. Preferir Cristo requer um compromisso com a verdade e a justiça do Reino e por uma decisão consciente e livre. Rezemos hoje, de modo especial, pelo nosso Brasil e por todo o povo brasileiro a fim de que possa ajudar na construção de uma pátria verdadeiramente amada para todos e por todos.
Deus abençoe a todos e bom domingo.
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS
