A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou na manhã desta terça-feira (5) a Operação Shotgun, uma ofensiva de grande escala contra o crime organizado. A ação, coordenada pela 2ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (2ªDIN) do Denarc, tem como alvo um grupo criminoso com atuação em Porto Alegre, Região Metropolitana e outras cidades do Estado. Os investigados são suspeitos de envolvimento em tráfico de drogas, comércio ilegal de armas, receptação qualificada e adulteração de veículos.
Cerca de 130 policiais civis participaram do cumprimento de 38 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão. As ordens judiciais foram executadas em 14 municípios, incluindo Canoas, Caxias do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Charqueadas, Três Passos e Capela de Santana. Até o fim da manhã, 30 pessoas haviam sido presas. Durante a operação, foram apreendidas duas armas de fogo, 106 munições, entorpecentes e cerca de R$ 6 mil em dinheiro.
Durante o cumprimento de um dos mandados, um policial civil foi baleado na perna. O inspetor Leando Sailer Lima, da Delegacia de Capturas (Decap), foi atingido por um disparo de pistola 9 mm no bairro Restinga, zona Sul de Porto Alegre. Ele foi socorrido ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde passou por cirurgia para retirada do projétil. Segundo os médicos, a bala não atingiu ossos nem órgãos vitais. A artéria femoral, segundo avaliação, ficou a centímetros de ser atingida. O policial se recupera bem e não corre risco de morte.
O autor do disparo foi preso em flagrante e responderá por tentativa de homicídio. Ele é apontado como membro de uma facção criminosa e possui antecedentes por tráfico de drogas e roubo de cargas. A companheira dele também foi detida.
As investigações apontaram que o grupo investigado atuava em diversas frentes criminosas. Foram documentadas negociações envolvendo fuzis, pistolas com adaptadores para disparo automático, carregadores de alta capacidade e grande quantidade de munições. Além disso, a quadrilha também comercializava drogas, como maconha e ecstasy, revelando envolvimento simultâneo em diferentes atividades ilegais.
Outro foco do grupo era a adulteração e comercialização de veículos de origem ilícita. Carros e caminhões roubados eram escondidos em locais previamente definidos e, em alguns casos, revendidos no mesmo dia do roubo. Placas clonadas ou falsas eram utilizadas para dificultar a identificação e facilitar o transporte dos automóveis.
Segundo os investigadores, os integrantes da quadrilha mantinham comunicação constante por meio de imagens, vídeos e dados sobre alvos e estratégias para evitar a ação policial. Também trocavam orientações sobre como modificar visualmente os veículos e ocultar suas verdadeiras origens.
“A investigação evidenciou uma complexa rede de atividades ilícitas praticadas pelo referido grupo, com atuação simultânea em diferentes modalidades criminosas e em várias cidades”, afirmou o delegado Wesley Lopes, titular da 2ªDIN. Já o diretor de investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, destacou o compromisso da corporação em desarticular organizações criminosas de alta periculosidade.