O Rio Grande do Sul deve registrar uma das maiores recuperações recentes na agricultura. Depois de enfrentar perdas expressivas nas últimas safras, principalmente em função da estiagem, as projeções para o ciclo 2025/26 são otimistas. A expectativa é de que o Estado volte a figurar entre os principais produtores de grãos do país, com colheita bem acima da média registrada no último ano.
Os dados foram apresentados pela Emater/RS-Ascar durante a Expointer, em Esteio. O levantamento estima que a safra de verão alcance 35,3 milhões de toneladas, o que representa um salto de 27,3% em comparação com a temporada passada, que fechou em 27,7 milhões de toneladas. A estimativa leva em conta o comportamento do clima, investimentos em tecnologia e ampliação do apoio técnico ao produtor.
A recuperação esperada reflete especialmente o bom desempenho da soja e do milho, culturas que concentram a maior parte da área cultivada no Estado. Com perspectivas de produtividade mais altas e um cenário climático mais favorável, a produção desses dois grãos deve puxar a expansão da safra como um todo.
Destaques por cultura
Soja: a área semeada deve ter leve retração de 0,8%, ficando em torno de 6,74 milhões de hectares. A produtividade, no entanto, deve subir 58,3%, alcançando 3.180 kg por hectare. Isso deve resultar em uma colheita de 21,44 milhões de toneladas, um aumento de 57,1% frente às 13,64 milhões da safra anterior.
Milho grão: a área cultivada deve crescer 9,31%, passando de 718 mil para 785 mil hectares. A produtividade segue estável, em 7.376 kg por hectare, o que permitirá uma produção de 5,79 milhões de toneladas, alta de 9,45% sobre o ciclo anterior.
Milho silagem: a área deve se expandir 2,74%, totalizando 366 mil hectares. A produtividade projetada é de 38.338 kg por hectare, o que deve resultar em 14 milhões de toneladas, aumento de 8,29%.
Feijão (1ª safra): o cultivo tende a reduzir 15,27%, com cerca de 26 mil hectares. A produtividade média prevista é de 1.779 kg por hectare, o que levará a uma colheita de 46,4 mil toneladas, queda de 17,27%.
Arroz: a estimativa do Irga aponta para uma retração de 5,17% na área plantada, que ficará em torno de 920 mil hectares. A produção deve chegar a 8,05 milhões de toneladas, uma redução de 8,1%.
Sorgo: pela primeira vez aparece nas estimativas da safra, com projeção de 11,8 mil hectares, concentrados principalmente na região de Bagé.
Clima e apoio ao produtor
As perspectivas positivas estão ligadas ao cenário climático. Para a primavera, são esperadas chuvas dentro da média, enquanto as temperaturas devem ficar acima do normal entre setembro e novembro. A combinação de umidade adequada e calor favorece o desenvolvimento das lavouras e cria um ambiente mais seguro para o agricultor planejar seus investimentos.
Outro ponto destacado é o papel da assistência técnica e das políticas públicas voltadas ao campo. A Operação Terra Forte, lançada pelo governo estadual, deve fortalecer a recuperação do solo e estimular a agricultura familiar. Além disso, a renovação da frota da Emater e a contratação de novos extensionistas estão entre as medidas que devem ampliar o suporte aos produtores, contribuindo para o aumento da produtividade e o desenvolvimento rural sustentável.